Fernanda Martins Marques e Helenise Lopes Ebersol
Psicólogas da Creche Francesca Zacaro Faraco
Embora, atualmente, a importância do
brincar para o desenvolvimento infantil seja amplamente reconhecida, é
comum observarmos crianças, por vezes muito pequenas, com uma rotina
bastante atribulada, tomada por diversas atividades e compromissos.
Muitas vezes, fica difícil encontrarmos alguma brecha, na correria do
dia a dia dessas crianças, na qual elas possam, simplesmente, ter espaço
e tempo para brincar. Mas, afinal, por que o brincar é considerado algo
tão importante para o desenvolvimento das crianças?
Segundo Vygotsky (1989) - um dos
autores que embasam teoricamente a proposta pedagógica da Creche
Francesca Zacaro Faraco - o brincar cria a chamada zona de desenvolvimento proximal, impulsionando
a criança para além do estágio de desenvolvimento que ela já atingiu.
Ao brincar, a criança se apresenta além do esperado para a sua idade e
mais além do seu comportamento habitual. Para Vygotsky, o brincar também
libera a criança das limitações do mundo real, permitindo que ela crie
situações imaginárias. Ao mesmo tempo é uma ação simbólica
essencialmente social, que depende das expectativas e convenções
presentes na cultura. Quando duas crianças brincam de ser um bebê e uma
mãe, por exemplo, elas fazem uso da imaginação, mas, ao mesmo tempo, não
podem se comportar de qualquer forma; devem, sim, obedecer às regras do
comportamento esperado para um bebê e uma mãe, dentro de sua cultura.
Caso não o façam, correm o risco de não serem compreendidas pelo
companheiro de brincadeira.